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Entrevistas AngoCasa – Só Imóveis

12 de abril de 2019

Prosseguimos esta semana a nossa sequência de entrevistas a alguns profissionais do mercado imobiliário. Hoje temos o prazer de entrevistar o Sr. Jesus Cardoso, Diretor da Só Imóveis.

1. Como vê o actual momento do sector imobiliário em Angola?

Vejo com expectativa e apreensão o comportamento do actual momento do mercado imobiliário angolano que, por sinal, continua a procurar formas de se reencontar.

Desde finais de 2014, por altura do início da crise económico-financeira, à esta parte que a carteira de clientes tem vindo a registar uma quebra acentuada e generalizada, tanto no ramo dos arrendamentos como no das vendas. 

A área da construção civil não foi poupada pelo colapso económico que se arrasta até aos dias de hoje e são ainda ténues os sinais que apontam para a sua saída da estagnação.

Se antes da crise havia mais procura e menos oferta, hoje, no mercado imobiliário, no país, o paradigma é completamente difrente: a oferta sobrepôe-se a procura. Motivo bastante para justificar o estado moribundo do sector.

O quadro em referência encontra a sua génise na queda brusca do preço do Petróleo, produto no qual está ancorada a economia angolana. O efeito contágio não se fez esperar. Todos os sectores da vida nacional ficaram afectados. Várias empresas reduziram a sua força de trabalho enquanto outras (incluindo petrolíferas e de Construção Civil) optaram por encerrar as portas, o que levou à saída massiva de estrangeiros do país. E uma boa parte dos trabalhadores estrangeiros que permanecem no país viram seus ordenados e os seus plafonds para alojamento reduzido.

Consequências imediatas: queda dos preços devido a redução da taxa de ocupação dos imóveis, incluindo as famigeradas Guest Houses, então, muito solicitadas pelas petrolíferas e não só. Nos dias que correm, não se afigura tarefa fácil angariar clientes para guest houses. Houve uma altura da crise em que os preços dos imóveis, em Luanda, pareciam estar em queda lívre. Mas hoje a expressão “estagnação” traduz melhor o actual contexto do mercado.

Muitos expatriados deixaram de residir em zonas mais nobres de Luanda, optando por outras menos caras, adaptando, assim, o novo orçamento à nova realidade. Houve quem trocasse Talatona pelo Nova Vida ou pelo Kilamba, por exemplo.

Que os preços praticados no mercado imobiliário angolano, antes da crise, eram especulativos, isso lá é verdade. Por isso, parece ser lógico vaticinar que a actual crise nos possa conduzir a preços mais realistas.

Quanto ao mercado da construçao civil, as obras abandonadas contam-se às centenas. Gruas em edifìcios inacabados a apanharem ferrugem podem ser vistas a longa distância em várias zonas de Luanda, principalmente no casco urbano.

Há também, na capital do país, casos de edifícios com 100% de execução da obra física e, igualmente, 100% de execução financeira, com bons acabamentos, bem localizados, mas transformados em autênticos “ cavalos brancos” por falta de potenciais clientes para comprá-los ou arrendá-los. Muitos desses prédios foram construídos antes da crise, altura em que o preço da construção por metro quadrado era muito alto, ao contrário do que se pratica hoje.

Há edifícios em que até a conclusão da obra, o orçamento situou-se na casa dos 100 milhões de dólares, naquela altura, pouco antes da crise.

A grande questão é: como é que esse investidor vai recuperar o dinheiro aplicado? Se a obra teve um suporte financeiro bancário, a questão toma outros contornos.

2. Numa altura em que a economia angolana dá alguns sinais de retoma; qual a sua perspectiva relativamente ao desenvolvimento da mesma, e ao seu potencial impacto no sector imobiliário?

O desempenho da economia angolana está ainda muito aquém do que se perspectivava, o que não ajuda o sector imobiliário a sair, a curto prazo, do marasmo em que se encontra, apesar de serem notórios esforços por parte do novo executivo tendentes a inverter o actual quadro macroeconómico do país, tendo em vista a criação de um bom clima de negócios capaz de atrair investidores estrangeiros.

A liquidação da dívida pública, a estabilidade cambial, a redução da inflação, possibilidade de as empresas estrangeiras repatriarem os lucros, o cumprimento das normas de compliance, acabar com a máquina excessivamente burocrática, são, entre outros, pressupostos importantes para as manobras de reanimação da nossa economia que, tal como o sector imobiliário, precisa sair da UTI (unidade de cuidados intensivos). Desta forma, melhorar-se-ia o ambiente de negócios e os investidores estrangeiros sentir-se-iam naturalmente atraídos pelo mercado angolano.

O investimento estrangeiro funciona também como uma espécie de “balão de oxigénio” para o mercado imobiliário, porque quando uma multinacional se instala no país traz consigo o seu quadro de pessoal que são potenciais clientes para arrendar, comprar imóveis ou terreno.

Existem outros pressupostos para melhorar o funcionamento do mercado imobiliário. Estou a falar por exemplo da criação de um Guiché Único do Imóvel para acelerar os processos de regularização jurídica e patrimonial dos imóveis e o relançamento do crédito habitação.

3. Com a implementação da política de descentralização, e a inerente natureza de constante mutação do mercado imobiliário, quais são as zonas que considera terem mais potencial de crescimento e procura, do ponto de vista urbanístico, num futuro próximo?

Zonas, no país, com potencial de crescimento urbanístico e procura existem várias, mas não acredito que seja para um futuro próximo, enquanto o quadro macro-económico do país não permitir o executivo abrir cordões à bolsa ao investimento doméstico dado que não se pode contar apenas com os investimentos vindos d’outros cantos do Mundo.

Com potencial para crecimento urbanístico pode-se aponttar as regiões de Benguela, Lubango, Huambo e Luanda leste, zona em que está em curso o novo aeroporto internacional, cuja envergadura permitirá, segundo previsões oficiais, movimentar cerca de 15 milhões de passageiros por ano. Por isso, acho que há uma pré-disposição natural de as zonas circunvizinhas virem a conhecer transformações urbanísticas com a conclusão do “gigante” que vai substituir o aeroporto internacional 4 de Fevereiro.

4. Que características considera fundamentais para ter sucesso no mercado imobiliário angolano, e para fazer de uma agência imobiliária uma referência no sector?

Nessa altura, não é fácil ter-se sucesso no mercado imobiliário angolano.

Ser-se empreendedor com apacidade de adaptação acima da média, saber se comunicar, ter domínio das novas tecnologias, ser pontual, ter boa relação com os clientes, senhorios e parceiros, ser dinâmico, ter capacidade de atender a demanda são algumas características fundamentais para se ter sucesso num mercado adverso e pouco estruturado como o nosso, onde os princípios éticos e a deontologia profissional, a pontualidade, etc. nem sempre são respeitados.

Ter faro de negócio, saber fazer parcerias com pessoas certas, ser conhecedor do mercado angolano, ter um foco, ser persistente e às vezes teimoso (no bom sentido) são, entre outras, características também importantes para se sair bem no mercado imobiliário angolano.

Agora, para fazer de uma agência imobiliária uma referência no sector, também não é fácil.

Mas para que tal aconteça, à nascença, deve-se já meter na cabeça que a agência não vai ser mais uma. Para que o sonho se torne realidade é necessário que tudo parta de um projecto bem estruturado, sério e com objectivos bem definidos. Criar uma equipa (não um grupo) de trabalho com base em critérios exigentes, criar uma estrutura, sistemas e uma estratégia bem definida. Uma liderança (não chefes) à altura dos desafios de que a agência se propõe é importantíssimo.

Importante também é fazer-se um estudo de viabilidade sócio-económico do mercado imobiliário do país e não esquecer o target. Saber o ponto fraco e forte da nossa e das agências dos outros. Depois maximizar os nossos pontos fortes e minimizar os nossos pontos fracos.

5. Que opinião tem sobre plataformas como a AngoCasa, e sobre o mercado digital/online em Angola?

A AngoCasa enquanto plataforma digital é pioneira, no mercado imobiliário angolano. Éum exemplo de organização que viu na crise angolana uma oportunidade para empreender. Por altura do seu surgimento, nas vestes de Lamudi, poucos (até eu) acreditavam que seu projecto podesse vingar, porque o contexto era muito adverso.

Foi pouco depois do incío do colapso económico, em Angola, em que o momento estava a ser macado com o encerramento de empresas estrangeiras de peso e consequente saída massiva de trabalhadores expatriados do país. Por isso, as imobiliárias foram vendo o volume de negócio ser abalado tos os dias com os preços dos imóveis a cairem com uma rapidez inusitada. Foi nesse clima em que se forjou a Angocasa que enquanto se ia impondo no mercado foi adoptando uma estratégia que lhe permitiu adoptar novas dinâmicas sempre que as circunstâncias exigiram. Estou a falar, por exemplo, da passagem de Lumidi (Angola) para Jumia Hause e de Jumia Hause para Angocasa.

Hoje, a Angocasa já conquistou, por mérito próprio, o seu lugar ao sol, mas ainda tem uma grande margem de progressão, se não se deixar cair na sua área de conforto.

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